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não sei quanto tempo faz, também não sei quanto tempo deixa de fazer, não sei nada, mas continuo sabendo tudo sobre você. curioso, muito curioso, pensar que apesar de termos nos separado, ao acordar a primeira coisa que aparece em minha mente é você, que ao adormecer o meu último pensamento também é sobre você e apesar de tudo isso, a vontade de fugir, de não ter isso mais, de desistir de vez, de colocar um ponto final em tamanho cinqüenta é muito menor do que a vontade que tenho de correr atrás, de fazê-la se apaixonar novamente, de fazê-la acreditar em cada uma de minhas palavras, será difícil, sei disso, mas valeria à pena se eu soubesse, com toda certeza, de que a teria de volta. acredito que tudo tem um início, meio e fim, como nas redações que aprendemos a fazer na escola desde criança, porém se isso é um fim, porque cargas d’água eu não consigo aceitá-lo? por que parece tão difícil ter de ver você com outra pessoa? não é possível que algumas histórias terminem sem ter um desenvolvimento interessante! onde está a pessoa que escreve tudo isso? como é que peço para que apague o nosso fim ou para que escreva uma continuação? não sou de pedir para que as histórias tenham vinte capítulos, mas também não sou capaz de aceitar apenas um, definitivamente. veja, temos nossas brigas, desavenças, desentendimentos, brincadeiras, ciúmes, diferenças, mas nada disso é tão grande quanto aquele sentimento, não é? aquele sentimento que está guardado aqui no fundo de mim, que espero que você esteja guardando aí dentro de si, também. além do sentimento que tínhamos – ou será que ainda temos? – em comum, uma coisa a qual eu adorava, em particular, em nós, eram nossas diferenças, o fato de você ter um sorriso lindo e eu um sorriso sem jeito, um sorriso torto, tímido, mas também aquelas diferenças psicológicas como o seu mau-humor e o meu jeito bipolar de ser, de estar bem e não estar, ou também suas vontades, seus sonhos e a minha pequena mania de dizer “relaxa, deixa ser.”, sua mania de pensar sobre suas ações e a minha de agir por impulso, passando por tudo o que me deixa nervosa, na maioria das vezes, te magoando, te machucando por isso. também tínhamos aquelas diferenças pequenas, a de eu querer ser mimada a todo instante e você simplesmente não ser desta forma, de você ser um pouco mais forte do que a mim, que chora por qualquer bobagem a qualquer instante, ou senão como nas horas menos propícias em que você vinha com um “tanto faz”, me irritando de tal forma que até hoje não consigo entender. coisas pequenas, tão minúsculas, mas que em alguns instantes se tornavam gigantes e estragava tudo o que custávamos a construir. falei, falei e falei dos pontos piores, como de costume, não é? deixe-me falar das melhores coisas, então, assim como eu não gostava de quando tínhamos vontades contrariadas, eu adorava isso, adorava olhar o seu sorriso e adorava fazer suas vontades, mas fazer todas elas, do começo ao fim, sem deixar nada a desejar; o modo como a tinha para mim, o modo como me tratava e o modo como eu acabava por lhe tratar; os ciúmes, aquelas briguinhas bobas por conta dele, o jeito como você ficava brava, eu adorava aquilo! apesar de eu não ser do tipo de pessoa que fica sonhando abobada pela pessoa que se encontra apaixonada, sonhar com você era divertido e, querendo ou não, eu o fazia todo o tempo, imaginando como seria o dia seguinte e como seria quando nos víssemos, como seria viver contigo, em como seria acordar ao seu lado, dormir ao seu lado, poder te proteger quando fosse necessário, dar-lhe força quando fosse preciso, fazer essas coisas boas das quais eu estava – e continuo – desprovida de fazer. adorava aqueles instantes em que você me irritava, adorava aqueles poucos segundos de ligação que tínhamos, aqueles instantes em que eu só podia dizer “eu te amo” e você ficava em silêncio – já disse que adoro seu silêncio? o som da sua respiração? –, tentando dizer o mesmo e em seguida falando “eu não consigo” meio a risos, me fazendo sorrir abobada e apaixonadamente por conta daquilo. eu adorava e adoro cada segundo de tudo isso, mesmo que já tenha passado, mesmo que tenha acabado, eu ainda adoro. se isso for um fim, se isso quer dizer mesmo um fim, deixe eu me ajeitar primeiro, deixe eu me deitar sobre minha cama, sem lágrimas nos olhos, com uma respiração pacífica, com aquele gostinho de “dei meu melhor”, deixe eu estar assim, mas mesmo que eu não esteja assim, só quero o seu melhor, quero você feliz, talvez mais do que eu pude lhe fazer, por favor, mais do que pude lhe fazer, seja o mais feliz possível, mesmo que isso queira dizer que tenha que ser sem mim. sua, por um longo tempo só sua.
(Camila Lima)
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